PITANGA ( Eugenia uniflora) |
Informação básica da planta
1 - NOMENCLATURA Nome cientifico: Eugenia uniflora L.
Família: Myrtaceae
Nomes Populares: Pitanga
2 - OCORRÊNCIA
Nordeste do Brasil até o norte da Argentina, tendo sido largamente disseminada por outras regiões tropicais e subtropicais do mundo.
3 - DESCRIÇÃO
A planta conhecida popularmente como pitangueira tem seu nome derivado do tupi pi'tãig, que quer dizer vermelho, em alusão à cor do seu fruto. Pertence à ordern Myrtales, família Myrtaceae e à espécie Eugenia uniflora L.
A pitangueira é frutífera nativa da região que se estende desde o Brasil Central até o norte da Argentina, tendo sido largamente disseminada por outras regiões tropicais e subtropicais do mundo (Williams et al., 1987). O seu cultivo em Pernambuco vem crescendo em razão da utilização do fruto para o preparo de polpa e suco, como também para a fabricação de sorvetes, refrescos, geléias, licores e vinhos (Lederman et al., 1992; Bezerra et al., 2000).
Segundo Giacometti (1993), está presente em muitos centros de diversidade e domesticação brasileiros que incluem desde o Nordeste até o Sul do Brasil, os quais abrangem diferentes ecossistemas tropicais, subtropicais e temperados. Devido à sua adaptabilidade às mais distinta condições de clima e solo, a pitangueira foi disseminada e é atualmente cultivada nas mais variadas regiões do globo.
A pitangueira é um arbusto denso de 2 a 4 m de altura, mais raramente uma pequena árvore de 6 a 9 m, ramificada, com copa arredondada de 3 a 6 m de diâmetro, com folhagem persistente ou semidecídua. Apresenta um sistema radicular profundo, com uma raiz pivotante e numerosas raízes secundárias e terciárias (Fouqué, 1981).
As folhas são opostas, simples, com pecíolo curto de mais ou menos 2,0 mm. Limbo oval ou oval-lanceolado, de 2,5 a 7,0 cm de comprimento e 1,2 a 3,5 cm de largura, ápice acuminado-atenuado a obtuso, base arredondada ou obtusa, glabro, brilhante; coloração verde-escura e de consistência subcoriácea, as folhas jovens são verde-amarronzadas e de consistência membranácea; nervura central saliente na parte inferior. O limbo quando macerado exala um odor característico (Bezerra et al., 2000).
O fruto é uma baga globosa, deprimida nos pólos, com 7 a 10 sulcos mais ou menos marcados no sentido longitudinal, de 1,5 a 5,0 cm de diâmetro, coroado com as sépalas persistentes. Quando inicia o processo de maturação, o epicarpo passa do verde para o amarelo, alaranjado, vermelho, vermelho-escuro, podendo chegar até quase o negro. O sabor é doce e ácido, e o aroma muito intenso e característico. A espessura endocarpo é de 3,0 a 5,0 mm e sua coloração é rósea a vermelha (Bezerra et al., 2000).
As variações climáticas das diferentes regiões de cultivo determinam as épocas de florescimento e frutificação. Nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, essas fases podem ocorrer duas ou mais vezes durante o ano; a floração normalmente ocorre de agosto a dezembro, podendo acontecer também de fevereiro a julho, e a frutificação, de agosto a fevereiro, podendo ainda ocorrer entre abril e julho (Mattos, 1993; Demattê, 1997).
No Brasil, e particularmente no Nordeste, a pitanga é consumida ao natural, mas sua principal utilização está no aproveitamento industrial e doméstico dos frutos para o preparo de polpas e sucos. Também é utilizada na fabricação de sorvetes, picolé, refresco, geléia, licor e vinho (Lederman et al., 1992).
Suporta poda forte e repetida, cresce lentamente, tem copa densa e compacta, podendo ser empregada como cerca viva e planta ornamental (Villachica et al., 1996).
O seu potencial de utilização é ressaltado quando se considera que o seu fruto de sabor exótico é rico em vitaminas, principalmente em vitamina A (635 mg/100g polpa). Por outro lado, existem grandes perspectivas de crescimento no mercado das misturas entre sulcos de frutas de espécies diferentes, principalmente com os de sabor exótico. Também pode ser utilizada como aditivo em bebidas lácteas e, ainda, nas formas de produtos como refrescos em pó e néctar (Bezerra et al., 2000).
Com a demanda crescente dos mercados interno e externo por produtos à base de frutas nativas e de sabor exótico, calcula-se a possibilidade de crescimento do mercado interno em pelo menos 100% sobre o volume atual. O mercado exportador, que é completamente inexplorado, pode vir a ser uma excelente alternativa, desde que se promova o produto (Bezerra et al., 2000).
À medida que a pitangueira vai se tornando uma cultura de interesse comercial, o plantio a partir de sementes deve dar lugar à propagação vegetativa de variedades selecionadas, assegurando a formação de pomares com populações de plantas homogenias (Bezerra et al., 2000).
A propagação vegetativa pode ser obtida por enxertia do tipo garfagem no topo em fenda cheia ou à inglesa simples, utilizando-se porta-enxerto da própria pitangueira com 9 ou 12 meses de idade, produzindo em sacos plásticos pretos de 25 x 35 cm, cujos percentuais de pegamento de enxerto são acima de 60% (Bezerra et al., 2000).
Também, sob condições de viveiro, a enxertia por borbulhia de placa em janela aberta pode ser utilizada em porta-enxertos a partir de 12 meses de idade, com razoável percentual de pegamento (>55%) (Bezerra et al., 1999).
As covas deverão ter as dimensões de 0,35 x 0,35 x 0,35 metros. O espaçamento recomendado para os terrenos com declividade entre 10 e 40 % é o de 4 x 4 metros (721 plantas/ha). Em plantios adensados é adotado o espaçamento de 1 x 1 metro (10.000 plantas/ha), eliminando-se, alternadamente, uma planta, quando as copas começarem a se tocar, ficando os espaçamentos de 2 x 2 metros (2.500 plantas/ha). O processo de eliminação das plantas é executado até atingir um espaçamento definitivo de 4 x 4 metros. Com essa prática a produtividade inicial e intermediária será bem maior, não havendo nenhum prejuízo na população do pomar a ser formado (Bezerra et al., 2000).
A partir do primeiro ano deve-se fazer uma poda de limpeza/condução promovendo a retirada dos ramos ladrões. A planta deve ser desbrotada desde o solo até a altura da formação da copa, ou seja, entre 50 e 60 cm. A pitangueira deve ser mantida no limpo, fazendo-se o coroamento manual ou com herbicida (Bezerra et al., 2000).
Os melhores sistemas de irrigação para a pitangueira são aqueles de administração localizada tais como gotejamento e microaspersão, por distribuírem melhor a água na zona de concentração radicular, além de promoverem maior economia de água (Bezerra et al., 2000).
O IPA, por meio de seleção massal realizada em um banco de germoplasma, vem obtendo clones com elevado potencial produtivo e boas características agronômicas (Bezerra et al., 1995, 1997b).
A pitangueira inicia a sua produção a partir do segundo ano de plantio, aumentando gradativamente até o sexto ano, quando se estabiliza. A colheita é efetuada com aproximadamente 50 dias após a floração. Os frutos devem ser colhidos manualmente ainda na planta, quando apresentarem uma coloração vermelha ou roxa, dependendo da variedade.
O rendimento médio de frutos, em plantas não irrigadas, selecionadas pelo IPA, variou de 15,0 a 20,8 Kg ao ano, em matrizes com 11 anos de idade, enquanto que em condições irrigadas, Lederman at al.(1992) citam produções de 9 t/ha em plantios comerciais, com idade acima de seis anos.
A pitanga é uma fruta muito perecível cuja polpa apresenta excelente condições para industrialização, devido ao seu alto rendimento, aroma agradável e sabor exótico. A polpa constitui-se numa das principais matérias-primas para a fabricação de sucos, sorvetes, geléias e licores.
Atualmente, há uma tendência do mercado em exigir produtos naturais e saudáveis, isentos de conservantes, o que tem contribuído para o crescimento do comercio de polpa e sucos congelados, embora exista um forte segmento cuja linha de produção é sucos com aditivos químicos.
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