PIQUI( Caryocar edule Casar.) |
Informação básica da planta
1 - NOMECLATURA
Nome cientifico: Caryocar brasiliense Camb
Sinônimo: Caryocar coriaceum Wittm
Família: Caryocaraceae
Nomes Populares: Pequi
2 - OCORRÊNCIA
Cerrados brasileiros disseminada do Amazonas a São Paulo, incluindo Pará, Maranhão, Piauí, Goiás, Mato Grosso, Mato Groso do Sul, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Tocantins. Fora do Brasil, Suriname e na Guiana Francesa. Ocorre em regiões de cerradão distrófico e mesotrófico, cerrado denso, cerrado Strictu Sensu e cerrado ralo.
3 - DESCRIÇÃO E USO
O pequizeiro é uma frutífera perene, oleaginosa, nativa dos cerrados brasileiros que se encontra disseminada do Amazonas a São Paulo, incluindo Pará, Maranhão, Piauí, Goiás, Mato Grosso, Mato Groso do Sul, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Tocantins (Almeida e Silva, 1994; Silva et al., 1994). É encontrada, também, no Suriname e na Guiana Francesa. (Peixoto, 1973). Ocorre em regiões de cerradão distrófico e mesotrófico, cerrado denso, cerrado Strictu Sensu e cerrado ralo (Almeida, 1998).
É uma frutífera de grande importância sócio-econômica nas regiões onde ocorre, servindo, durante o período da safra, como fonte de alimento tanto para famílias carentes como para animais (Almeida et al., 1998). É uma espécie símbolo do cerrado pelo grau de aproveitamento, não apenas de seus frutos, mas da árvore como um todo. Sua utilização principal é na culinária, na forma de consumo direto, mas também pode ser encontrado na forma processada como óleo comestível e licor, gerando emprego e renda para milhares de famílias (Melo Júnior et al., 2003; Passos et al., 2003).
No Nordeste, especialmente no Maranhão, Piauí e Ceará, o pequizeiro é uma das espécies nativas de maior destaque pelo grande potencial de exploração econômica e sustentável e, também, pelo grande papel social que exerce nas áreas onde ocorre.
A exploração do pequizeiro, tanto no Nordeste como no Centro-Oeste, ainda é baseada, principalmente, no extrativismo, havendo muitas poucas informações sobre cultivos tecnicamente estabelecidos. No entanto, de acordo com Salviano et al. (2002) e Silva et al. (2001a), apresenta grande potencial para exploração comercial.
Estudos têm mostrado que existe uma vasta variabilidade genética no pequizeiro (Oliveira et al., 1997; Oliveira, 1998; Trindade et al., 1998; Melo Júnior et al., 2003), distribuída ao longo de vastas áreas de cerrado, com densidade populacional variando de 50 a 60 indivíduos/ha. No Piauí, essa densidade populacional é mais variável (48 a 78 indivíduos/ha) (CEPA, 1984). De acordo com Trindade et al. (1998), há maior variabilidade genética dentro de sub-populações do que entre sub-populações, especialmente no que se refere à germinação, tamanho de fruto e taxa de desenvolvimento das plântulas.
Por outro lado, apesar da importância sócio-econômica do pequizeiro praticamente todo o seu germoplasma encontra-se em seus respectivos locais de ocorrência (Melo Júnior et al., 2003). Não há registros de coleções ex situ de germoplasma.
O pequizeiro é uma planta xerófila, semidecídua, heliófila, típica dos cerrados, com estação seca bem definida. É uma planta rústica e pouco exigente quanto a solos, adaptando-se bem em clima tropical e subtropical (Oliveira, 1988). Apresenta porte arbóreo, atingindo entre 8 e 12 m de altura, sendo que nos cerrados do Brasil central, a planta atinge até 7 m. O tronco é, normalmente, tortuoso de casca áspera e rugosa, com diâmetro variando entre 0,3 e 0,4 m (Almeida et al., 1998). Nos cerrados de São Paulo, apresenta porte variável, atingindo até 5 m de altura. No entanto, em outras localidades do Estado, raramente ultrapassa 1,5 m de altura (Barradas, 1972). No caso do pequizeiro-anão, o porte das plantas varia de 0,3 a 1,5 m de altura (Silva et al., 2001a).
As folhas são pilosas, opostas e longo-pecioladas, formadas por 3 folíolos com as bordas recortadas. As flores são perfeitas ou hermafroditas, grandes e de coloração amarela, localizadas em inflorescências terminais que, normalmente, contêm de 20 a 30 flores. O fruto é uma drupa com epicarpo coriáceo, carnoso e de coloração verde-clara e levemente amarelada quando maduro, apresentando endocarpo espinhoso. Normalmente, suas dimensões variam de 4,0 a 6,5 cm de altura por 6,0 a 8,0 cm de diâmetro, com peso médio em torno de 120 g, com forma depresso-globosa. No entanto, a polpa pode apresentar cor amarelo-intenso (mais comum), laranja, rósea ou esbranquiçada, sendo também pastosa, farinácea e oleaginosa Na maioria dos casos, o fruto contém apenas uma semente desenvolvida, porém, às vezes, pode conter até três ou quatro sementes (Peixoto, 1973; Barradas, 1972; Ferreira, 1987). Existe grande heterogeneidade em relação à produtividade por planta.
O pequizeiro é uma planta semidecídua, cuja floração ocorre logo após a emissão de folhas novas. Na região Sudeste, sua época de floração ocorre entre setembro e outubro, com maturação dos frutos entre janeiro e março (Barradas, 1972; Silva et al., 2001b), embora também possam ser encontrados frutos em dezembro e em abril (Barradas, 1972). Os frutos, normalmente, alcançam a maturidade entre três e quatro meses após a floração (Silva et al., 2001b).
No Centro-Oeste, as fases de floração/frutificação e maturação dos frutos ocorrem, respectivamente, nos períodos de agosto a novembro e de novembro a fevereiro (Silva et al., 2001b). No Nordeste, mais especificamente no Piauí e Maranhão, existem diferenças no ciclo fenológico da planta nas diversas regiões de ocorrência. No extremo-sul dos dois estados, a fase de floração ocorre no período de junho/agosto, seguido pelo centro-sul, com floração no período de julho/setembro e, posteriormente, do norte, de setembro/novembro. O período de maturação dos frutos (queda) segue a mesma tendência acima, iniciando pelo extremo-sul (setembro/dezembro), centro-sul (outubro/fevereiro) e norte (novembro/março) (CEPA, 1984). Na região do Cariri, no estado do Ceará, a floração normalmente ocorre no período de outubro/dezembro, com a maturação dos frutos no período de janeiro a abril (Peixoto, 1973; Barradas, 1972).
O pequizeiro é uma planta de usos múltiplos. A madeira é utilizada para esteios e moirões, xilografia, construção civil e naval e, também, na produção de carvão e de artesanato regional (gamelas, cochos, etc). A casca pode ser usada para fabricação de tinta, inclusive de escrever (CEPA, 1984; Oliveira, 1988). O pequizeiro também é utilizado em arborização e na fabricação de móveis rústicos, dentre outros usos.
O fruto tem uso mais importante na cozinha regional, onde é preparado cozido com arroz, frango, feijão, farofa, etc. De um modo geral, o fruto de pequi é aproveitado em sua totalidade: a casca é consumida em larga escala por animais bovinos; a polpa é utilizada para fazer geléias, doces, extração de óleo e ração para alimentação animal; a amêndoa é utilizada na extração e fabricação caseira ou industrial de óleo, sabão e licor. O óleo vai para a indústria de cosméticos, sendo utilizado na fabricação de cremes e sabonetes, ou pode ser empregado também como lubrificante (CEPA, 1984; Oliveira, 1988). O fruto também pode ser utilizado para a produção de biodiesel. Informações preliminares indicam que em cada hectare plantado com pequi podem ser obtidos até 3.200 litros de óleo, enquanto a soja rende apenas cerca de 400 litros de óleo por hectare (USP, 2003).
O pequizeiro é uma importante fonte de alimentação regional, com influência na economia local através da venda do fruto, na produção de óleo e na medicina natural para o tratamento de várias doenças.
Estudo realizado em comunidades do norte de Minas Gerais, onde o pequizeiro é explorado e comercializado em maior escala, mostrou que as populações rurais elaboram diversos produtos (Chévez Pozo, 1997). Dos produtos obtidos, destacam-se o licor e o óleo; o primeiro já produzido a nível industrial e o segundo produzido de forma artesanal em comunidades de agricultores familiares. Em muitas comunidades rurais, a renda obtida com a coleta e a venda dos frutos de pequizeiro representa em torno de 50% da renda anual das famílias envolvidas na coleta, sendo que, em alguns casos, essa participação é um pouco maior (Chévez Pozo, 1997).
No Ceará, região do Cariri, o pequi tem grande importância social e econômica. O fruto é fonte de renda e emprego para milhares de famílias carentes que moram nas proximidades da Floresta Nacional do Araripe (Moura e Rolim, 2002). No Piauí, essa oleaginosa tem, também, importância sócio-econômica considerável, constituindo-se em importante fonte de renda para grande quantidade de famílias que, no período da safra, sobrevivem da coleta de seus frutos (CEPA, 1984).
O pequizeiro pode ser propagado tanto por via sexuada, através da semente, como por via assexuada, por meio de utilização de propágulos. A propagação via sementes é, ainda, a forma mais usual de propagação. A propagação vegetativa, no entanto, deve ser preferida, pois além de conservar todas as características genéticas da planta-mãe, reduz o tempo para início de produção (Pereira et al., 2002). Em mudas originadas de sementes (“pé franco”) a produção de frutos tem início entre quatro e cinco anos após o plantio, enquanto que com mudas enxertadas esse tempo é reduzido para dois a três anos (Silva, 1998; Silva et al., 2001b).
A utilização da propagação vegetativa para o estabelecimento de plantios de espécies frutíferas é importante porque possibilita a manutenção da identidade da planta-matriz e, conseqüentemente, a formação de plantios uniformes em precocidade, produção e qualidade de frutos, além de outros caracteres de importância. No caso da enxertia, pode-se utilizar tanto os métodos de garfagem (no topo em fenda cheia, no topo em bizel ou à inglesa simples e lateral em fenda cheia) como a borbulhia em placa. Silva e Fonseca (1991) obtiveram índices de pega superiores a 90% na enxertia por garfagem de topo em bizel ou à inglesa simples. Por outro lado, Pereira et al. (2002) obtiveram índice em torno de 60% para a garfagem e de 90% para a borbulhia em placa. Esses autores relataram que a borbulhia em placa propiciou, ainda maior vigor inicial dos enxertos. No entanto, em função da necessidade de se utilizar porta-enxertos mais grossos, com diâmetro de caule na altura da enxertia acima de 0,8 cm, esses autores relatam que a formação de porta-enxertos para a produção de mudas enxertadas de pequi, utilizando a enxertia por borbulhia em placa, leva em torno de dois anos.
O plantio deve ser efetuado no início do período chuvoso. Normalmente, são utilizadas mudas de “pé franco”, embora a tecnologia para produção de mudas enxertadas já exista (Silva e Fonseca, 1991; Silva et al., 2001b; Pereira et al., 2002).
As covas podem ser preparadas nas dimensões de 40 x 40 x 40 cm. Ainda não existem informações em relação a espaçamentos. No entanto, em função da região, do porte da planta e das práticas de manejo, podem ser empregados os espaçamentos variando de 7,0 x 6,0 m até 8,0 x 8,0 m para o plantio de mudas enxertadas, de 8,0 x 7,0 m a 10 x 10 m para o plantio de mudas de “pé franco”. No caso de plantio em sistemas agroflorestais, várias outras combinações de espaçamentos podem ser consideradas.
lcário dolomítico (100% PRNT), 50 g de P2O5, 5,0 g de K2O (Salviano et al., 2002), além de 10 a 15 litros de esterco de curral curtido e 30 g da formulação de micronutrientes FTE BR-10 ou similar. Antes do plantio, aplicações de cupinicidas e formicidas, visando o controle de cupins e formigas cortadeiras, são medidas necessárias. Após o plantio, as mudas devem ser irrigadas e tutoradas durante os seis primeiros meses de plantadas.
Em termos de práticas culturais, o pequizeiro é uma espécie relativamente rústica, no entanto, o controle de invasoras deve ser realizado periodicamente. A planta também suporta bem o estresse hídrico, porém, a irrigação é uma prática necessária, pelo menos nos dois primeiros anos do estabelecimento do pomar. Nesse período, o uso da irrigação é importante para acelerar o crescimento e aumentar as chances de sobrevivência das plantas. Salviano et al. (2002) encontrou efeito significativo da irrigação no desenvolvimento de plantas de pequizeiro até aos 50 meses de idade. A maioria dos trabalhos sobre o pequizeiro relata que o desenvolvimento inicial das plantas é lento, levando em torno de cinco anos para iniciar a fase de produção. No caso de mudas enxertadas, esse período é reduzido para dois a três anos (Ávidos e Ferreira, 2000; Silva, 1998; Silva et al., 2001b).
Os frutos de pequi atingem a maturação entre três e quatro meses após a floração, quando, então, caem naturalmente. Por isso, a recomendação é que estes sejam apanhados, preferencialmente, no chão. Frutos coletados diretamente na planta podem não apresentar sementes completamente desenvolvidas, reduzindo a taxa de germinação (SILVA et al., 2001b). Um indicativo da maturação do fruto é quando sua casca, que permanece sempre da mesma cor verde-amarelada, amolece.
Em termos de produtividade, cada planta adulta pode produzir, em média, de 500 a 2.000 frutos/safra/ano em condições de extrativismo. No entanto, a sua produção não é estável, produzindo muito em anos de pouca chuva e pouco, em anos de muita chuva. Este fato ocorre porque a chuva derruba as flores antes da fecundação, o que reduz a produção (Silva et al., 2001b)
Alguns estudos apontam perdas de até 50% após a colheita do pequi, devido à falta de cuidados no manuseio dos frutos e, também, a deficiências na classificação, transporte e armazenamento, bem como no processo de comercialização (Silva et al., 2001b).
Apesar do fruto de pequi ser utilizado mais na forma não processada, sua industrialização, embora muito rudimentar, pode resultar em vários produtos. O óleo da polpa e da amêndoa e o licor da amêndoa são exemplos desses produtos. A polpa pode ser utilizada ainda para fazer geléias e uma variedade de receitas de doces aromatizados (Ávidos e Ferreira, 2000).
O óleo é empregado, principalmente, na indústria de cosméticos para fabricação de cremes para a pele e sabonetes e, ainda, na fabricação de biodiesel e lubrificantes (CEPA, 1984; Oliveira, 1988; USP, 2003).
topo da página
|