Informação básica da planta
1 - NOMENCLATURA Nome cientifico: Spondias mombin L.
Família: Anacardiaceae
Nomes Populares: Cajá
2 - OCORRÊNCIA
Regiões Norte e Nordeste do Brasil
3 - DESCRIÇÃO E USO
A cajazeira é uma árvore frutífera, onde seus frutos, conhecidos como cajá, cajá-mirim ou taperebá, são muito utilizados na confecção de polpas, sucos, picolés, sorvetes, néctares e geléias de excelente qualidade e valor comercial. A madeira é utilizada em marcenarias, e a casca, os ramos, as folhas e as flores possuem propriedades medicinais (Sacramento, 2000).
A cajazeira ainda não é cultivada em escala comercial significativa, sendo considerada espécie em domesticação e de exploração extrativa. Mesmo assim, a cada ano tem participação crescente no agronegócio da região Nordeste, principalmente pela comercialização dos seus frutos para processamento de polpa (Sacramento, 2000).
A planta é semidecídua, heliófica e seletiva higrófita, característica da mata alta da várzea de terra firme. É também encontrada nas formações secundárias, onde regenera espontaneamente tanto a partir de sementes como de estacas e raízes. Produz anualmente grande quantidade de sementes viáveis, amplamente disseminadas pela fauna (Lorenzi, 1992).
As inflorescências apresentam flores unissexuais e hermafroditas na mesma planta, cálice de 0,5 cm de diâmetro; receptáculo arredondado, 1-4 mm de comprimento; 5 sépalas, 5 pétalas, estames em número de 10 com dois vertícilos, os 5 primeiros inseridos num disco, alternos às pétalas, os outros 5 são epipétalos. O número de flores por panícula é variável, podendo atingir mais de 2.000. O número de frutos por cacho é muito variável entre e intra planta.
O sistema reprodutivo das Spondias é polígamo-dióico ou monóico e auto incompatível. A cajazeira possui flores hermafroditas e fortemente protandras, ou seja o ovário não se desenvolve antes da liberação do pólen. Este fenômeno propicia a polinização cruzada e a segregação externada nos pomares de plantas oriundas de sementes, as quais apresentam alta variabilidade quanto a porte, arquitetura e formato de copa, características físico-químicas de folhas e frutos, além de longa fase juvenil, porte alto e variação das fases fenológicas, características indesejáveis em plantios comerciais (Shaw & Forman, 1967).
O fruto da cajazeira é classificado como drupa e caracterizado como nuculânio com mesocarpo carnoso, amarelo de sabor agridoce, com massa variando entre 4,8 g e 37,4 g e comprimento entre 3 cm e 6 cm, de formato ovóide ou oblongo, achatado na base, cor variando do amarelo ao alaranjado, casca fina, lisa, polpa pouco espessa também variando do amarelo ao alaranjado, suculenta, de sabor ácido-adocicado (Mitchell & Daly, 1995).
No Brasil, a cajazeira está distribuída em diversas regiões, sendo comum em estado silvestre e subespontâneo nas matas de terra firme ou de várzeas da Amazônia. No Acre, ocorre preferencialmente em floresta de terra firme, mas também é encontrada em florestas abertas e em várzeas. A cajazeira é uma fruteira típica de zonas úmidas e sub-úmidas, só aparece na caatinga quando plantada, principalmente nas regiões costeiras de maior precipitação, nos limites mais úmidos do agreste e nas regiões e pés de serra do Ceará e do Rio Grande do Norte.
No Nordeste, as áreas de maior ocorrência da cajazeira são, a região do Brejo-Paraibano, no Estado da Paraíba onde a altitude oscila entre 130 m e 618 m, a temperatura média do ar situa-se entre 23,0ºC e 24,5ºC e a precipitação média é cerca de 1.400 mm anuais, concentrando-se no período de março a agosto, com estiagem em torno de cinco meses por ano; a zona litorânea próxima à Fortaleza e nas serras de Guaramiranga, Meruoca, Baturité e Ibiapaba, no Ceará (regiões de precipitação média anual superior a 1.100 mm); na região Sul da Bahia (em consórcio com cacaueiros), em áreas de solos férteis, profundos e ricos em matéria orgânica; e na Zona da Mata de Alagoas e Pernambuco, próximo ao litoral, onde a precipitação média anual está entre 1.500 e 1.800 mm.
De acordo com Silva & Silva (1995), na microrregião do brejo paraibano, as plantas ficam completamente desfolhadas durante esse período, ressalvando que essa perda de folhas não é simultânea em todos os exemplares de uma mesma região. A emissão de novas brotações e inflorescência inicia-se em outubro/dezembro no Ceará e no Brejo-Paraibano, com produção concentrando-se de janeiro a julho.
Atualmente, a procura pelos seus frutos deve-se principalmente às boas características para industrialização, aliadas ao aroma e sabor agradáveis. Essa fruta vem despertando interesse não apenas para o mercado regional, mas também noutros locais do país, onde a fruta é escassa. Em virtude da ausência de plantios racionais, em época de safra é comercializada principalmente em feiras livres, para consumo in natura ou para fabrico de polpa congelada, sorvete, suco e geléia. Na zona da mata do Nordeste, a safra concentra-se de maio a julho, quando é comum a comercialização ao longo das rodovias, embora esporadicamente ainda possam ser encontradas plantas com frutos em setembro (Sacramento, 2000).
A cajazeira pode ser propagada tanto por via sexual, através de sementes como por via assexual por estaquia, enxertia e cultura de tecidos. Na propagação sexual da cajazeira, os endocarpos, comumente chamados de “caroços”, são usados como sementes, os quais possuem de zero a cinco sementes em seu interior, sendo uma em cada lóculo. As sementes de cajazeira apresentam problemas de baixa e lenta germinação.
A propagação assexual pode ser por estaquia de caule ou de raízes, alporquia, enxertia, e cultura de tecidos. Desses métodos de propagação, a enxertia por garfagem em fenda cheia e lateral sobre porta-enxertos de outras Spondias, como umbuzeiro, cajaraneira e da própria cajazeira, são os métodos que apresentam os maiores índices de formação de mudas, tendo portanto, altas percentagens de pega de enxertos e de mudas formadas com cerca de 60 dias após a realização das enxertias (Souza et al., 1999).
As mudas devem ser plantadas em covas com dimensão de 40 x 40 x 40 cm, previamente adubadas, com esterco curtido. Considerando o porte da planta adulta, sugere-se um espaçamento em sistema quadrangular de 9 m x 9 m ou retangular de 9 m x 8 m. Deve-se utilizar poda de formação, de condução e de limpeza. O espaçamento da cajazeira pode ser modificado em função da sua utilização em consórcio com outras plantas (Sacramento, 2000).
Na literatura não existem informações sobre adubação, manejo e tratos culturais para a cajazeira, no entanto, para o seu cultivo, recomenda-se à adaptação de tecnologia adotada para outros cultivos perenes (Sacramento, 2000). Não existem, portanto, conhecimentos empíricos e técnicos sobre formas de manejo e de cultivo. Os problemas mais limitantes à exploração comercial da cajazeira são a falta de clones comerciais, o elevado porte da planta e os poucos conhecimentos e tecnologias existentes sobre a planta.
Considerando o fato da cajazeira ser uma espécie em fase de domesticação, não se têm ainda levantamento sobre o nível de dano econômico causado por suas pragas, principalmente a Moscas-das-frutas (Anastrepha sp.), desse modo, ainda não foi estabelecido qualquer método de controle.
A altura das cajazeiras dificulta a colheita dos frutos na planta, desse modo, os cajás maduros desprendem-se da planta e caem. Na queda, muitos frutos danificam-se. Os frutos danificados perdem líquido e entram em processo de fermentação, além de ficarem expostos ao ataque de patógenos, formigas, insetos e roedores. Desse modo, a colheita deve ser feita pelo menos duas vezes ao dia, para preservar a qualidade. Devido a problemas de colheita, condições de acesso e transporte dos frutos, estima-se que menos de 30% da produção de cajá, na região Sul da Bahia e em outras regiões produtoras, seja aproveitada atualmente para consumo humano (Sacramento, 2000).
A polpa de cajá é um produto recente no mercado nacional, e a atual produção, considerando a grade demanda, não atende as necessidades do mercado interno, ficando ainda muito restrito às regiões Norte e Nordeste. Portanto, existe um amplo mercado interno e externo a ser explorado.
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