AMBURANA DE CHEIRO ( Amburana cearensis ) |
Informação básica da planta
1 - NOMENCLATURA
Nome cientifico: Amburana cearensis (Allem.) A.C.Smith
Família: Fabaceae-Faboideae
Sinônimo: Torresea cearensis Allemão.
Nomes Populares: amburana-de-cheiro; cerejeira; cerejeira-rajada; cumaré; cumaru; cumaru-das-caatingas; cumbaru, cumaru-de-cheiro, imburana cheirosa, umburana lisa, louro-ingá, umburana macho e umburana-vermelha (Correia 1926; Andrade-Lima 1989; Lorenzi 1998; Maia 2004).
2 - OCORRÊNCIA
Ocorre em todos os estados do Nordeste. Também ocorre fora da região, em Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo, chegando até a Argentina, Peru, Paraguai e Bolívia (Andrade-Lima 1989; Pereira et al. 2003; Maia 2004).
2 - DESCRIÇÃO
Características da planta: Árvore decídua na estação seca, com altura de até 6-12m. Caule, geralmente ereto, com casca castanho-escura e ritidoma desprendendo-se em lâminas papiráceas e diâmetro superior a 30cm. Folhas compostas, alternas, 10-15cm de comprimento. Inflorescências axilares ou terminais, de cor branco-amarelada, miúdas e aromáticas. Frutos vagem de cor escura, deiscente em um dos lados, contendo uma semente. As sementes são aladas e apresentam coloração preta, rugosa, com cerca de 1cm de largura e 2cm de comprimento (Correia 1926; Andrade-Lima 1989; Lorenzi 1998; Maia 2004).
A reprodução é sexuada e apresenta dispersão anemocórica. As sementes têm longevidade superior a três meses e perdem rapidamente a viabilidade quando armazenadas em temperatura ambiente. São quiescentes, germinam entre 5 e 30 dias, com percentual de germinação superior a 80% para sementes recém-colhidas. Um quilo de sementes contém cerca de 1.650 sementes. Também pode ser propagada por estaquia, mas não foram encontrados estudos científicos sobre este processo para a espécie. A imburana apresenta crescimento lento (Pereira et al. 2003; Ramos et al. 2004).
3 - USOS
Silvicultural: A espécie tem uso múltiplo na região, sendo utilizada para marcenaria (mobiliário fino, sendo resistente ao ataque de insetos), esculturas, caixotaria, construção civil, lambris, forros, esquadrias, carpintaria, taboados e artesanato (Correia 1926; Andrade-Lima, 1989). Na medicina veterinária é utilizada como vermífugo de animais domésticos. No paisagismo é utilizada na arborização de parques. Em sistemas agroflorestais pode ser usada como quebra vento e faixas verdes entre plantações para auxiliar na atração de polinizadores, sendo também considerada como uma planta apícola. Na indústria é explorada devido à produção de óleos voláteis e de cumarina, substância encontrada nas folhas, casca e sementes e que é utilizada no fabrico de doces, biscoitos, cigarros, tabacos, sabões, sabonetes e como fixador de perfumes. É doadora de pólen e néctar e apresenta valor forrageiro, sendo suas vagens e folhas consumidas por caprinos (Sampaio 2002; Maia 2004; Oliveira 2005).
O cultivo da espécie pode ser feito em saquinhos individuais ou em canteiros semi-sombreados. A germinação ocorre entre 5-30 dias, sendo superior a 80%. O crescimento da plântula chega a 15cm em três meses, momento em que é possível o transplante definitivo para o campo. O crescimento em campo é lento, chegando a 1,5m em dois anos. O mercado de comercialização não é organizado, sendo a exploração do tipo extrativista. É uma espécie que requer fomentos para o desenvolvimento de estudos científicos, sobretudo de propagação vegetativa, e incentivos de plantios que possibilite a manutenção do recurso na natureza.
Óleos: Da semente se extrai um óleo de valor comercial e também podem ser extraídos óleos medicinais voláteis da casca.
Cumarina: a cumarina, substância aromática encontrada na casca, lenho e semente do cumaru, tem aplicação nas indústrias alimentícias (doces e biscoitos), de cigarros e tabacos em geral, na fabricação de sabões e sabonetes e, principalmente, nas indústrias de perfume, como fixador.
Medicinal
O infuso ou xarope da casca do caule, sementes e frutos são indicados no tratamento de asmas, bronquites, coqueluches, tosses, como expectorante e anti-reumático (Agra 1982, Emperaire 1983, Agra et al. 1996, Agra 1996, Guarim 1996, Matos 2000); sendo também utilizado no alívio das cólicas, dor de dente e antiofídico (Emperaire 1983).
Usa-se o pó das sementes torradas contra as sinusites (Agra et al. 1996, Agra 1996). Guarim (1996) refere o uso das sementes contra cólicas menstruais, hipertensão e pneumonia.
Farmacologia: Os estudos farmacológicos comprovaram as seguintes atividades: antimalárica, antiprotozoária, antifúngica, antibacteriana (Bravo et al. 1999), antiinflamatória e antitumor (Costa-Lotufo et al. 2003). Observou-se a ausência de toxicidade em ratos (reprodução), o efeito relaxante do músculo liso (Leal et al. 2003a, 2003b), a indução da hemólise de eritrócitos (Costa-Lotufo et al. 2003) e o efeito neuroprotetor (Leal et al. 2005).
Fitoquímica: Glicosídios: 4-(O-$--glucopiranosil)-hidroxi-7-(3’,4’-diidroxi-benzoil)-benzil álcool, 4-(O-$--glucopiranosil)-hidroxi-7-(3’-metoxi-,4’-hidroxi-benzoil)-benzil álcool (Bravo et al. 1999). Cumarinas (Bravo et al. 1999, Negri et al. 2004, Silveira & Pessoa 2005). Chalconas: amburosideo A (Bravo et al. 1999, Costa-Lotufo et al. 2003, Leal et al. 2005), amburosídeo B (Bravo et al. 1999). Canferol, isocanferideo, ácido protocatecuico (Costa-Lotufo et al. 2003). trans-3,4-dimetoxicinamato de metila, dihidrocumarina, escopoletina, trans-3,4-dimetoxicinamato de metila, 3-metoxi-4-hidroxibenzoato de metila, catecol, guaiacol, crisofanol, lupeol, - e -amirina, -sitosterol, palmitato de metila (Negri et al. 2004).
Amostras Representativas: Bahia: R. M. Harley et al. 21516 (CEPEC); G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 2002 (CEPEC); Paraíba: M. F. Agra 3494 (JPB).
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